“Nós temos muito em comum!” Francis Lee ri quando a Empire diz que ele é o ‘novo Scorsese‘. Por enquanto ele pode não fazer filmes sobre gangsteres, mas é claro que estamos nos referindo a Lee fechando o BFI Festival de Cinema de Londres deste ano, como Martin Scorsese fez no ano passado.
“É uma honra incrível“, disse ele em uma videochamada de sua cozinha. “Quando eles iam exibir ‘Ammonite’ para os programadores, eu estava super-nervoso. Tricia [Tuttle, Diretora de Festivais] viu o filme, disse que adorou e que eles iriam programá-lo. Foi uma verdadeira honra. Então, quando eles voltaram e disseram: ‘Você será o filme de encerramento’, eu fiquei tipo, ‘Merda!’”
Não só isso, mas ‘Ammonite‘ – a história de uma relação entre a caçadora de fósseis Mary Anning (Kate Winslet) e uma mulher mais jovem de uma classe diferente (Saoirse Ronan) – estava “reservado” junto com Steve McQueen, que está abrindo com ‘Mangrove‘. “É muito bom estar na companhia dele”, diz Lee. “E que o meu trabalho seja visto nesse nível.”
O BFI, porém, sempre esteve no centro dos momentos mais sísmicos da carreira de Lee. Ele relata o outro grande – provavelmente o mais importante – momento desde que se tornou um cineasta. Era 2014 e no início do ano, Lee havia sido selecionado para o esquema de financiamento iFeatures – um programa que o BFI executou com a Creative England e a BBC Film. Isso forneceria apoio a cineastas regionais estreantes e ele chegou aos cinco finalistas depois de enviar o seu roteiro para ‘Reino de Deus‘. Infelizmente ele não chegou aos três finalistas e Lee – que havia autofinanciado os seus curtas anteriores trabalhando em um ferro-velho – fala que ficou “muito arrasado, porque eu simplesmente não sabia como conseguiria fazer este filme.”
Vários produtores já haviam lido o roteiro e adorado a sua escrita, mas passaram ao dizerem a ele: “Achamos que é um filme de nicho, terá um público muito pequeno. Dois fazendeiros em um romance gay na encosta de uma colina não vai colar.”
Então, tudo parecia completamente perdido, até que ele foi convocado para uma reunião com a equipe do Film Fund da BFI – incluindo Ben Roberts (agora o CEO) – em seu escritório no West End de Londres. No final do que parecia ser uma conversa aleatória, eles disseram a ele, muito casualmente, que iriam lhe dar o dinheiro para fazer o filme.
“Foi um momento monumental e bastante chocante”, diz ele. “Eu saí e pensei: ‘Eles realmente disseram que iam fazer o meu filme?!’” Ainda bastante incrédulo com a virada dos eventos, Lee insiste que, sem eles, “eu não acho que o filme teria sido feito”.
E agora, apenas alguns anos depois, ele está igualmente incrédulo por ser um dos destaques do Festival. Ele balança a cabeça, “É tão surreal.” Então sorri, com a barba subindo. “E realmente, realmente maravilhoso.”